Uma das coisas que mais me irrita nessa vida é quando as pessoas perguntam

Alice Name-Bomtempo
1 min readAug 4, 2021

Quando volta?
Quando acaba?
Mas e depois?
Quando você vai arrumar outro?

Esse pavor e fascínio pela finalidade, apesar de compreensível, me parece doentio pra porra. Como se a vida fossem apenas os pontos dos quais partimos e chegamos, ignorando a existência dos pontinhos que os ligam uns aos outros. Mais que isso, como se existisse uma hierarquia óbvia entre esses pontos, estabelecendo fixamente quais sempre serão os grandes (ir e voltar, começar e terminar, nascer e morrer) em detrimento de tudo que acontece nos “pequenos”.

Eu entendo. Afinal, os pontos pequenos são infinitos e facilmente nos dão a sensação de afogamento. Mas, pessoalmente, não acho que a solução esteja em se agarrar nas primeiras ilhas que vemos. Isso me afoga muito mais. Esse querer e temer que as coisas acabem só reitera a crença de que seus usos são únicos, limitados e intransponíveis.

Se tudo o que caracterizasse uma partida fosse o retorno, pra que partir?

Aqueles que limitam a sua visão ao único sentido de uma seta reta deixam de ver aquelas que estão em círculo, espiral, ziguezague, ou que simplesmente não têm forma alguma.

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